De certo modo, algumas dessas responsabilidades já caíram sob todos os reitores anteriores. Afinal, espera-se de todos aqueles que comandam a universidade que tenham como missão o avanço e manutenção dos índices acadêmicos e melhorias na infraestrutura da instituição.
Sob a gestão de Naves, entretanto, temos pautas que vão além desse escopo, e que agora caem sob o colo da nova reitora.
O exemplo mais recente ocorreu nessa última sexta-feira (6/12) quando professores, servidores e estudantes da UnB realizaram uma manifestação contra o assédio sexual na universidade. A motivação seria uma punição branda de 15 dias de suspensão aplicada por Márcia Abrahão, antecessora de Naves, a um professor do Instituto de Biologia que assediou duas colegas. À Naves ficou a responsabilidade de receber os manifestantes e apresentar um posicionamento mais responsável da UnB quanto ao assunto.
Entrevista Exclusiva: Reitora da UnB fala sobre planos para combater assédio sexual.
A mesma situação também ocorreu com o auditório Aula Magna, um projeto que demorou 62 anos para ser finalizado, e que empenha mais de R$ 90 milhões para sua futura execução.
Abrahão foi a principal responsável por lembrar a comunidade da UnB, e a mídia, dessa obra. Lembrança essa que foi feita exatos sete dias antes da cerimônia de posse da nova reitora, que em sua campanha já colocou questionamentos quanto a necessidade de dedicar tamanho orçamento para uma construção dessa magnitude – a previsão é de que o auditório comporte 1,5 mil pessoas.
Essas são apenas uma das “batatas quentes” que Abrahão lançou para a sucessora. Há quem diga, por exemplo, que a aprovação das cotas afirmativas para a entrada de pessoas transgênero na UnB – aprovadas um mês antes da posse de Naves – foi uma decisão tomada às pressas para garantir uma última vitória a Abrahão. Assim, responsável por fazer a medida dar certo será, por lógica, a equipe de Naves.
Outro exemplo, foi registrado na entrevista exclusiva dada pela nova reitora ao Campusmultiplataforma (que você pode conferir no YouTube). Naves foi pega de surpresa ao ser informada pela repórter de um novo edital das bolsas do Departamento de Desenvolvimento Social (DDS) que informava que apenas os alunos com renda familiar per capita de até um salário mínimo fariam jus ao benefício – antes era de um salário mínimo e meio. Embora a reitora tenha citado que a medida possa ter envolvimento de decisões do governo federal, a primeira resposta de Naves foi justificar que o documento havia sido entregue, de última hora, pela gestão anterior.
É claro que essa não é a primeira, nem será a última vez, que esse tipo de prática acontece, seja na reitoria ou em qualquer outra administração pública. No entanto, em sua missão de cobrir de forma imparcial, crítica e compromissada, o Campusmultiplataforma acredita que tais questões devem ser apontadas e discutidas, afim de acompanhar de perto as ações tomadas por quem é a autoridade máxima quando se diz respeito à UnB; independente de ser seu primeiro ou último dia de mandato.
Imagens capturadas por Gabriela Macedo